segunda-feira, 29 de julho de 2019

Que homem sou ou estou?

Construção natural de alguém que não escolhi mas, que tenho muito orgulho.

   Pensei muito em publicar esse texto, tenho certeza que desagradará um número de pessoas, mas, estivesse pensando nesses meses em que tipo de homem eu venho me tornando quando me aproximo dos 30 e sem dúvida a análise sai do meu ego e entra na construção social. 
   Tenho conceitos firmes do que considero fundamental na vida, talvez eles sejam produtos de uma infância bem delimitada onde desde cedo meus pais me apresentaram ao caminho de todas as virtudes que se espera de alguém que pretenda viver em sociedade. Há quem diga também que são produtos do meu signo, Libra, um verdade amante da justiça. Talvez seja dos dois, mas, sem dúvida, foram acrescentados durante a jornada que travei nesses últimos tempos.
   Entre as construção de mim que o tempo se ocupou de delimitar, sem dúvida, a construção do homem que sou hoje é a mais crucial. Fui apresentado cedo as concepções de "homem" criadas e reproduzidas até aqui e elas nada me agradaram. Cada vez que eu me deparava com aquela frase: "coisa de homem" me dava uma sensação de estranhamento e confesso que em quase todas elas eu fiquei calado, a construção social foi bem mais forte que eu. 
   Era comum que eu me sentisse desconfortável com os relatos de traição dos meus amigos, com a forma como tratavam suas namoradas, com a concepção que traçavam de algumas mulheres, muitas das quais eu tinha enorme respeito. Era comum também que eu fosse questionado muitas vezes por não ter feito isso ou aquilo, por ter "perdido uma chance", "ser mole" ou coisa do tipo. Todas as vezes, depois do desconforto momentâneo, apenas tinha mais certeza do homem que queria construir.
   Contudo, minha maior surpresa não vinha dos homens, esses eu já esperava que agissem assim, meu maior desconforto com certeza partira de atitudes femininas. Não raras foram as vezes que eu escutei elas reproduzirem o que meus amigos falavam ao final do futebol ou nas mesas de bares. Não raras foram as vezes que fui adjetivado por elas dos mesmos adjetivos que meus amigos me taxavam, também não foram raras as vezes que as vi se render ao machismo como eu me omiti em silêncio. 
   Talvez a explicação para isso esteja na força social que eu falei ai por cima. Elas, assim como eu, foram criadas em um ambiente de patriarcado e é difícil se reconstruir em meio a tudo isso. Mas, o que mais me deixa atônito é vivenciar com elas uma tentativa de experiência diferente e vê-las ir embora justamente por não encontrar em mim a reprodução da "coisa de homem". 
   E pensando nisso eu percebo que, em cada casamento que vou, em cada chá de bebê, cada noivado, eu vejo se reproduzir a figura do "homem" e da "mulher" padronizados socialmente e que, com certeza, não me encaixo. Talvez o problema não seja eu, talvez não seja você mulher que também não se encaixou, talvez a gente seja aquele pessoal que passa nos filmes e que tem por função servir de reflexão a quem realmente se encaixa. Mesmo assim, alegro-me com esse homem que venho construindo a cada vez que escuto a frase: "você é diferente". (nem sempre um elogio rsrsrs). 

Um comentário:

  1. Uauuu
    Pode ser diferente, mas é incrível!!! Deveria sim ser sempre um elogio.

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