Talvez tenha sido só mais uma
noite onde o meu abraço foi o refúgio da sua vontade de dizer ao mundo que
alguma coisa está desarranjada. Talvez a possibilidade de conversar sobre
assuntos banais e se sentir segura, de alguma forma, tenha te conduzido até
aqui, talvez seja esse um momento em que, pelo menos por algumas horas, a vida
não parece tão dura como é no correr da semana.
Nem dá para entender as razões
por que esses encontros aconteceram. Pode ser que eu seja um protótipo de cara
que você imaginou, mas, que percebeu, muito rapidamente, que não existia. Pode
ser a conversa, as piadas sem graça, as semelhanças de uma infância quase
rural. Pode ser que você veja em mim uma forma de você, e por raras vezes até
me admire. Eu sinceramente não sei o que condiciona esses encontros e tentando
uma explicação breve, eu sempre condiciono a pele.
Não quero dizer que ali só
existiu pele, não, longe disso. Quero dizer o quanto é inquestionável a sensação
de leveza que meus dedos ganham quando passam na sua pele e são conduzidos
quase que mecanicamente aos seus cabelos. Não canso de lembrar o quão macia é e
o quanto eu fico admirado com isso. Eu sou admirador nato da beleza e talvez
essa seja a razão mais clara da minha constatação.
Apesar disso eu tenho dificuldade
com a partida, não por achar que você deva ficar eu sei dos seus motivos e de
toda a sua certeza do desarranjo que a minha personalidade indecisa causa. Eu
sei que vou me acostumar a vê-la de longe, seguindo passos e te admirando muito
mais do que faço hoje. Conformo-me com a ideia de que sou aquele de passagem,
aquele que foi e nunca aquele que fica. Só quero dizer que guardo a sensação da
pele e das coisas que não vão com as quais faço lembranças.
Vê-la de longe é escolha sua e não dela. A escolha do ficar é sua, você tem o direito de ir mas, é opção sua permanecer ou não!
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