Eu olhei o par de brincos e o terço quebrado e fiquei por alguns instantes pensando o que eles representam e por que estão tão bem guardados ocupando aquele lugar em especial. No par de brincos eu reparei que falta uma tarraxa e o terço está separado, bolinha por bolinha, que inúmeras várias vezes eu tentei juntar, sem sucesso.
Me ocupando do ócio produtivo refleti o que eles representam e cheguei a conclusão de que, a imperfeição que se mostra aparente neles, é, na verdade, a forma de perfeição que a vida cria em cada detalhe.
Eu não sei como a tarraxa se perdeu, mas, com certeza foi em um descuido de felicidade, desses que a gente vai pra casa suplantando a perda do objeto pela lembrança do momento. O terço se quebrou na brincadeira de "rolar" que eu sempre vencia, claro. E não deu para olhá-los e não notar sua perfeição.
Percebi então que a construção do perfeito é sempre o caminho formado pelo imperfeito e que quando nos sentimos completos, na verdade é a constatação de uma série de perdas e readaptações que fizemos por aí, algumas vão e não voltam, outras voltam e não ficam e ainda algumas nem vão, mas, estamos rezando todos os dias para que elas fiquem.
Eles estão aqui, guardados, imperfeitos e se completando em uma perfeição tão grande que as vezes eu acho que foram feitos para ficar juntos, quebrados, mas perfeitos, no lugar que ocupam e na função de lembrar que também somos.
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