- Não dá para acreditar!
Foi a voz que escutei antes de um abraço quase roubado. Passei alguns segundos para entender que era você e que o destino tinha cuidado de nos colocar ali, no início da noite de terça, onde praticamente nada acontece.
Foram alguns segundos até que pudesse destravar e também alguns minutos para que a lembrança me levasse para aquele 2004 quando, no meio de toda aquela confusão que rodeia a cabeça de um garoto de 15 anos e que passava boas horas do dia ao seu lado.
Foi bom ver, novamente, você quebrando a inércia da minha timidez e me propondo a relembrar poucas e boas que passamos enquanto construíamos sonhos e ouvíamos Gustavo Lins, brigando pelos fones do discman.
- Você continua linda!
- E você enganador! dizia ela sorrindo enquanto falava que não mudara minha forma de sorrir com os olhos.
Foram poucos os 3 dias que sucederam encontros e conversas, nos transportando da realidade para o mundo das reflexões. Mas, apesar de curtas horas, foram intensas as trocas e as confissões que fizemos ao descobrir que nossas vidas trilharam passos tão distantes mais ao mesmo tempo tão próximos.
Na hora da partida foi inevitável não recordar aquele fim de janeiro, quando quem partia era eu, olhando você segurar aquela correntinha que havia te entregue como garantia de retorno. Dessa vez não teve correntinha nem olhar pela janela, não existiu promessa de retorno nem muito menos esperança de que alguém voltaria realizado para cumprir todos os planos. A realidade bateu nossa porta e os sonhos da juventude ficaram para trás. Mas, ficou alegria, ficou a sensação boa que a gente sempre deu um para o outro e ficou a felicidade de ter vivido esse momento.
Eu precisava eternizar esses dias e a maneira mais singela que encontrei foi essa. Eu nem sei se te vejo por aí novamente, talvez pelas capas das revistas nos editoriais de moda apresentando seu trabalho ao mundo. Mas, para além do inesperado reencontro, ficou a boa sensação de que, assim como eu, você continua essa alma indomável e demasiadamente crente no amor. Na falta de adjetivo que qualifique a gente e no irônico bilhete que achei a pouco no bolso da calça, me veio a risonha analogia de "passagem", daquelas que se conhece a ida, mas, não se marca a volta.
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