domingo, 20 de maio de 2012

Lembranças de um sorriso

Apenas um sorriso

            Era sexta, um jovem rapaz caminhava despreocupadamente na calçada em direção a sua casa, pensava em muitas coisas, mas nada em especial, ria-se por vezes e cantava outras. As pessoas o olhavam, reprendiam com olhares os quais ele sequer percebia. Não que fosse descuidado com o mundo ao seu redor, mas pelo simples fato de está tão leve de si que os sentimentos sociais mesquinhos não o atingiam naquele momento.
            De repente uma trombada para sua caminhada feliz interrompe o momento de introspecção. A trombada é com uma bela moça, de idade assemelhada à dele, cabelos pretos, ou castanhos, não sabe bem, mas lembra-se perfeitamente que nele um leve tom de loiro fazia mechas que o tornavam mais belo que o natural. Os olhos eram castanhos, um pouco apertados, que se escondiam docemente por trás de delicados óculos, os quais davam ao rosto um tom de intelectualidade.
            Passado o momento de análise inconsciente, o rapaz cuida rapidamente das desculpas que, no entanto, não podem ser concluídas nem muito menos respondidas. Não se trata de um momento de raiva da moça em relação ao rapaz descuidado, até porque ela parecia ser sua antípoda na Terra. Vinha da mesma forma simples e descuidada, pensava na vida de forma doce e poética e ria-se de coisas que mais ninguém conseguiria entender.
As desculpas foram interrompidas por um riso, daquele de soltamos quando apesar da situação desconfortável encontramos algo próximo de nós, que nos lembra de uma situação familiar e natural.
- Aí que susto!
Dizia a moça com sorriso de canto a canto do rosto e olhar amigável ao rapaz. Esse, meio sem jeito e um tanto quanto bestificado, a olhava e sorria, pensando em dizer algo, mas sem muita coragem.
Ao continuarem suas jornadas, pensavam na situação e vez por outra olhavam para trás. Nesse momento o sorriso voltava aos seus rostos e a lembrança se encarregava da missão de continuar os sorrisos.
Ao longo da noite, lembravam e riam novamente, sendo indagados por vezes repetidas o porquê de tantos sorrisos.
- De que você tanto ri?
- De um sorriso, apenas de um sorriso! 

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