Mossoró, momentos de insônia.
Bom dia! Sim, já é dia e eu estou aqui te escrevendo essa carta. Acordei em meio a madrugada e não consegui voltar a dormir. Esses dias têm sido difíceis e a lembrança de você teima em se perpetuar na minha mente como uma cena inacreditável que acabou de passar em nossos olhos, daquelas que a gente chega em casa, deita a cabeça no travesseiro, mas não consegue esquecer
Muitos foram os sentimentos passados nos últimos dias. De fato eu acreditei que depois que sentei no chão, te olhei nos olhos e contei tudo que tinha ocorrido, as coisas tomariam o rumo que a tempos eu queria, mas não tinha coragem de assumir. Coragem, faltou muita, nesses últimos meses. As pessoas hoje em dia trazem tantas mágoas consigo, que se fecham como a tartaruga apavorada ao ver seu predador. E é difícil abrir esse casco, principalmente pela possibilidade de ser atacado novamente, a gente nunca está pronto para ser abalado.
Então eu pensei várias coisas, tracei vários planos (alguns mirabolantes, inclusive), olhei várias vezes para o céu, dei muitas aulas na semana, fui correr, escutei pagode como nunca, e nada, nada mesmo, fez com que eu pudesse por um segundo, esquecer. 1993 foi a melhor distração da semana. e foi nele que eu ganhei forças para voltar a escrever.
Escrever sempre foi a distração mais aleatória da minha vida. Era aquela coisa que eu fazia sempre quando queria fugir de minha rotina, tão regrada. Comecei a escrever na faculdade, nos trabalhos e provas, fazendo as respostas em cordel. Depois vieram alguns poemas, sonetos e contos que fomentaram esse blog, onde, quase sempre, eu escrevia embriago, por isso os erros perdoáveis que saem, aqui e acolá. E por que eu resolvi reativá-lo? Para, assim como na faculdade, relaxar de uma rotina que foi quebrada depois daquela segunda-feira.
Ontem eu adormeci escutando música, uma de minhas práticas mais comuns, e pertinho do sono chegar estava tocando Sinais, do Sorriso Maroto, sim era Sorriso rsrsrs. Nessa hora eu percebi o quanto a gente peca em deixar passar os sinais. Nós não podemos deixar esses grãos acumularem, cada detalhe, cada desatenção com o outro é fundamental para a construção da relação que queremos desenhar. Errar não é pecado, reparar é a maior das certezas de que estamos cultivando o amor, o afeto e a solidez. A atenção com o outro é sinal, acima de tudo, de cuidado, e cuidar é ato de amor.
E aí, martela a cabeça de quem não cuidou e percebeu tarde demais, se ainda é possível reparar. Antes de tudo vá lá e peça perdão, se não o puder pessoalmente, faça por carta, jogue um flor pelo muro, seja presença sem ser incomodo. O simples ato de perceber já configura o carinho e o cuidado que você tem por ela. E se não for possível reparar? Então acalme seu coração, faça um bom café e relembre com boas risadas a felicidade que passou, Estou na dúvida se farei o café, é madrugada e eu vou tentar dormir, Essa carta, sem destinatário, chegará ao coração de quem dela se apossar,
Um xero (nordestino).
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