Mossoró, momento de conselhos entre amigos.
- Não sei o que sinto - disse ela com tom de angústia.
- A cabeça virou e eu não consigo entender.
Tentei encontrar palavras, mas naquele instante, nada veio em minha cabeça para ajudar, fiquei completamente perdido e impotente, as palavras saiam no automático mas, minha mente, funcionava em uma rapidez imensa para tentar entender e dá pistas de solução.
Fui trabalhar pensando nisso e no meio do intervalo refleti sobre a possibilidade do fim do amor. A romantização literária que se faz do sentimento, nos faz crer que esse é imutável e impossível de fim. Fui tentado por essa visão durante anos, e por vezes, sofri quando fui jogado contra ela, sentindo culpa.
Mas, o amor acaba? Essa é a questão central desse texto. Talvez a gente precise mudar um pouco a forma como encaramos e fazemos essa pergunta. Seria mais justo com as pessoas que amam fazer a seguinte pergunta: o amor muda? E para essa pergunta eu compreendo uma resposta mais verdadeira e sincera, sim o amor muda.
Nas relações amorosas passamos por um conjunto de etapas que caracterizam o amor. A admiração, o encantamento, a paixão corporal, a segurança no outro e afinidade para as diversas trocas que um casal precisa. A maioria das pessoas encontram algumas dessas fases, sem necessariamente encontrar as outras. Mas, algumas vezes, encontramos todas as fases por um tempo e depois transformamos alguma ou algumas delas, mudando a relação e transformando o amor.
Seria injusto pensar que alguém que amamos profundamente por mais de 10 anos, deixou de ser importante em nossas vidas pois, deixamos de amar. O amor que se transforma, as vezes, requer que os dois se afastem, que busquem outros caminhos ou mesmo outros amores. Injusto mesmo é negar que amou ou foi amado e pensar que tudo não passou de mentira.
E como a gente percebe que o amor mudou? É difícil! Mas, são os pequenos gestos que nos provam. Aquela música não lembra mais a pessoa; aquele plano que antes era dos dois, agora é seu; aquela vontade de voltar para casa e olhar para ela, nem tem tanta força; aquele momento de desabafo não encontra mais a segurança que antes encontrava e você já começa a ver que o nós se transforma no eu.
O difícil mesmo é perceber que esse instante chegou, é aceitá-lo. A gente é contagiado pela romantização e preso as concepções de segurança e estabilidade. Sempre vai ser doloroso olhar para a outra pessoa e dizer o que estamos sentimos. Compreender o sentimento é a melhor forma de encontrarmos a resposta para essa dúvida angustiante que paira nossa cabeça. É preciso, acima de tudo, ter segurança do que aconteceu com o amor. Aquela tranquilidade no coração, ajuda a tranquilizar as palavras e então conseguimos nos expressar sinceramente. Sinceridade, ainda continuo achando ela a maior prova de amor.
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