12/07 de um tempo atrás
Janelas abertas, um brisa que entrava e além de preencher a sala, levava consigo a alma e a mente para um passeio. Uma cerveja na bancada da cozinha, alguns temperos cortados próximos a um molho, ao fogo uma massa, seria carbonara na certa. No fundo uma música em baixo volume conduzia o ritmo do preparo e era acompanhada pela voz do preparante.
Seria uma refeição individual, aquela feita especialmente para a solidão gratificante de um domingo de férias, onde a ausência de outras pessoas é completada pela presença gratificante do encontro com ele mesmo. De repente, a campainha toca, foi uma mistura de surpresa e curiosidade.
- Quem será, não avisaram da entrada, que estranho!
A porta se abre e os olhos reparam por alguns segundos a presença parada na porta. Nenhuma palavra, apenas a troca de olhares que é quebrada por um abraço meio agoniado da visita. Novamente palavras não são ditas, embora dessa vez elas sejam construídas no cerne da mente.
- Está foda em casa, deve ter dado uma volta na cidade e veio me ver.
Estava certo, nunca errou na troca de olhares, atenção sempre foi sua principal virtude. Entraram e pegou uma cerveja para a visita. Ela agradeceu e perguntou se incomodaria.
- Não, sou exagerado, sempre faço mais comida do que o necessário
- Eu sei disso - disse ela sorrindo.
Foi tentando deixá-la confortável enquanto terminava o preparo.
- Não se surpreenda se eu for embora - disse ela enquanto contava os últimos perrengues.
Pegou no ombro dele lentamente fazendo virar para ela, parou por alguns instantes e disse:
- Você é massa!
O olho brilhou e ele sorriu lentamente, respondendo o elogio. Preparou com carinho e cuidado os pratos de cada um, e a mesa, pediu que ela sentasse pois, queria servir, ato que executou fazendo uma graça de garçom, ela riu docemente. O almoço foi e a conversa permaneceu. Ao final ela fez aquela velha pergunta:
- E aí, o que faço?
Ele sabia que ela não estava interessada em uma resposta daquelas prontas e acabadas, ela nem iria seguir mesmo, não era da sua personalidade, talvez nem quisesse uma resposta, perguntou pela obrigação do costume e parou atentamente com os olhos no rosto dele, esperando a sua fala. Ele colocou as duas mãos no rosto dela e disse:
- Deixa para pensar nisso amanhã, hoje eu só quero que essa conversa te traga felicidade!
Daquelas que vão para o livro. Obrigado pela lembrança e o clipe, boa viagem, você é massa!
Trilha sonora: Mulher - Projota.
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