Imaginação

   Eu fico pensando no tempo que a gente dedica imaginando o que pode ou poderia acontecer. Aquelas horas que a gente despende a idealizar um momento, uma realização ou mesmo refletindo sobre o que será do futuro se determinada coisa acontecer.

   Ontem me peguei olhando um perfil de fotos e sem perceber eu comecei a devanear no mundo da imaginação. A maioria dos lugares eu já conhecia, mas, foi incrível perceber que para cada um deles eu fiz uma nova projeção que envolvia novas cenas, novas pessoas e novos momentos. 

   Aos 20 anos eu tinha um conjunto de projeções as quais acreditava, quando realizadas, iriam garantir aquela falha satisfação de realização pessoal. 10 anos depois, praticamente todas elas foram satisfeitas, mas, eu percebo que sinto uma necessidade imensa de realizar outras e que mais uma vez eu as coloco como metas para a inalcançável realização de vida.

   Nesse momento eu percebi o quão linda é a vida. A gente nunca está satisfeito, a gente nunca está em fim pronto, a gente nunca acha que chegou o fim. Horrível seria se isso acontecesse. Talvez os vários planos que eu tenho hoje se realizem, talvez as pessoas que eu projeto hoje não estejam comigo amanhã e quem sabe algumas do passado possam voltar e se tornar futuro. 

   Descobri que, na verdade, a vida não é a realidade, a vida é o que materializamos daquilo que imaginamos anos atrás. Acho que essa é a grande razão da fascinação que nós temos pela arte, nela a gente consegue viver sempre o imaginável, consegue projetar, nem que por alguns minutos a imaginação para a vida real e consegue sentir o que poderia ser sem a responsabilidade do real. A diferença entre a arte e a vida real é que, quando a peça termina e as cortinas se fecham nenhuma responsabilidade fica. Na realidade, a cortina nunca se fecha e talvez por sermos atores e platéia ao mesmo tempo possamos viver com tanta emoção esse espetáculo de imaginar.