quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Assim como o café o amor não serve frio

   Fim de ano, a gente sempre fica mais pensativo que o normal. Em geral olhamos para trás e depois de um tanto de julgamentos, começamos a traçar os votos e planos do ano que se aproxima. É um período em que a felicidade parece estampada no rosto das pessoas, mas, que se olharmos profundamente, só parece.
   Essa é uma falsa sensação de felicidade criada pelas mídias sociais. Ninguém é infeliz nas fotos e nos vídeos que circulam diariamente nos perfis cuidadosamente elaborados. Mas, uma novidade dos dias atuais é o amor frio e velado, uma espécie de amor de porão, que as pessoas fazem questão de esconder a sete chaves e que de vez em quando levam ao jardim para tomar Sol. Parece que amar virou vergonha e bom mesmo é que ninguém saiba, pois, "o que ninguém sabe, ninguém estraga". 
   Existe uma felicidade individual, essa sim, escancarada e divulgada aos 4 cantos, que, raramente é temperada com um lapso de felicidade dupla, que faz questão de se mostrar em segredo, como um ritual de jogo de mímica. 
   Mas, o amor é como o café, quando quente saliva a boca e eletriza o coração, mas, quando frio, perde o sabor, fica amargo e já não joga o cheiro pela casa toda. O amor não suporta a escuridão! Como a margarida o amor se vira para direção do Sol, gosta de luz, de presença, do cheiro do vento e do sabor da vida. Não dá para viver nos porões da falsa intimidade digital. 
   Talvez eu seja um dos últimos dessa espécie que não encontra razão de ser se não houver temperatura, que parte ao menor sinal de morbidade. A verdade é que para gente assim a vida é muito curta para ser tomada fria e não dá para pensar em começar mais um ano se não for esperando um bom café, daqueles quentes que chegam a mesa meio amargos mas, que a gente vai adoçando ao nosso gosto e deixa bem claro no final o quanto foi prazeroso tomar. Que assim como os ótimos cafés, esse ano que se inicia não seja frio no amor. 

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