sexta-feira, 22 de outubro de 2021

O corte e a marca

         A faca passou lentamente entre os dedos. Foi inevitável, jorrou sangue para todos os lados. A profundidade dos ferimentos consumiu um pacote de algodão e muitos litros de água da torneira aberta. Doeu, mas, parou! 

        Depois veio o inchaço, o dolorido, a sensibilidade ao toque. Não dava para pegar nas coisas, nem mesmo as atividades mais simples e corriqueiras eram fáceis. Por vezes, batia raiva do descuido!

        Os dias foram passando, a pele foi engrossando e já dava para tocar um dedo cortado no outro. A pele machucada saía lentamente. A dor estava ficando para trás. As vezes, nem parecia que tinha sido tão doloroso.

        Um dia, pela manhã, não havia mais separação na pele. "O buraco fechou". Ficou uma marca de risco, meio branca, meio amarela que não quer me deixar. Todos os dias eu olho para ela e lembro de todo o processo. Já não dói mais!

        Marcas, não é fácil conviver com elas. Nem sempre são doces lembranças, embora eu ria de muitas delas e me sinta um idiota completo. Eu sempre me corto!

     Mas, as marcas contam histórias, relatam momentos e eternizam evoluções. Como a gente vai caracterizar cada uma delas? Só sentido, passando a mão sobre e mentalizando o retorno de toda a construção.

         Não existe doçura nas marcas e esse não é um texto sobre o corte.    

4 comentários:

  1. A marca é o que te faz pensar em todo processo pelo qual você passou. Não é fácil, não é simples e também não é rápido, mas é necessário!

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    1. No fim, as marcas se transformam em lembranças e as lembranças são felizes.

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    2. E no fim é o que realmente importa, as boas lembranças que ficaram!

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