sábado, 11 de maio de 2019

A simplicidade é apaixonante

   O dia dos namorados está chegando e todo mundo está preocupado em qual presente vai dá a pessoa que ama. As floriculturas preparam belos buquês, as lojas montam seus presentes prontos, onde a gente chega escolhe algo preestabelecido, o que facilita a vida e ainda cumpre uma formalidade, que no fundo é necessária e revigora, nem que de maneira obrigacional, o amor que sentimos. 
   Esse não é um texto de crítica a sociedade capitalista, que mercantiliza o amor e as relações, não, esse não é o intuito. Esse é um texto de reflexão, de pensamento, do que de fato é apaixonante, do que nos faz acordar, ou dormir em determinado dia com a sensação de que amamos e somos amados e sem dúvida, esses dias acontecem quando nos deparamos com os atos mais simples e inesperados. 
   Ontem eu fui correr a noite, o dia foi muito atarefado e eu tive que ir depois das 22 horas. Quando eu já estava na caminhada pós-treino eu me deparei com um jovem casal que estava sentado em um banco de praça. Ele fazia graça para ela, que sorria levemente e o chamava de bobo, palavra que também o fazia sorrir. Eu fui contagiado pela felicidade deles e também comecei a sorrir. Então eu lembrei-me de todas as vezes que eu também estive feliz com alguém, tal qual o casal estava naquele momento e em nenhum deles veio o dia dos namorados, foi nessa hora que eu reparei o quanto a felicidade é baseada na simplicidade e essa é sem dúvida apaixonante.
   Daí eu fui conduzido mentalmente a lembrança desses momentos de felicidade em minha vida, tão singelos, mas tão doces, que faz a gente abrir o sorriso só em ler e imaginar essas passagens. Os apelidos carinhosos, as graças e piadas contadas fora de hora, as bolinhas de sabão feitas para alegrar a cachorrinha que teima em se meter entre a gente, as corridas no parque da cidade com abraços e mexidas no cabelo, as cócegas sem parar no sofá da sala, os vídeos do youtube, as cartas deixadas na caixa de correspondência, que só foram lidas dias depois, as voltas nas lojas de roupa sem comprar nada, as briguinhas no carro pela música que está tocando, enfim os momentos que a gente vive intensamente de maneira leve. É isso, viver intensamente de maneira leve, viver a relação sem relacionar a obrigação de se dar. 
   Amar não é uma obrigação. Amar é a maior das liberdades que podemos sentir, já que nos leva a ser de alguém sem deixar de ser da gente. Ora, a pessoa que você ama e que te ama também se apaixonou justamente por quem você é, sem pedir que você se obrigue a nada. Isso não quer dizer que sejamos egoísta, que na relação não possamos pensar na gente, no outro e em nós, essa é uma característica marcante do relacionamento, mas mesmo assim, essa essa é uma construção natural de todos os dias e em conjunto. Sim, eu não acredito em amor unitário, em amor perfeito e sem erros, eu sempre vou acreditar no amor vivido, com dificuldades, provações e barreiras, mas que são vencidas pela simplicidade de um sorriso, depois que você arranca uma pequena flor e entrega a pessoa amada. 
   Portanto, não deixe para regar o amor com o presente do mês que vem, o faça todos os dias com presença, com leveza e simplicidade. Com certeza o buquê de flores é mais chamativo, mais encantador e mais fotogênico, no entanto, o sorriso que foi trocado ontem, depois da conversa sem sentido é mais construtivo. 

Viva!
 

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